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Publicado em: 14/06/2022
É bom para o meu filho. E estou certa de que é bom para todos
Faz quatro anos que trato com cannabis farmacêutica a asma crônica e outras condições de saúde do Miguel, que nasceu com síndrome de Down. E só posso dizer: ele nunca esteve melhor!
Por Fernanda Cammarota*

Fernanda Cammarota e seu filho, Miguel
Sou psicóloga especializada no atendimento a pacientes com síndrome de Down e, por ironia do destino (ou não), meu filho Miguel nasceu com essa condição genética. Após alguns anos, manifestou também a síndrome de Moyamoya, uma doença degenerativa do cérebro.
Mesmo com todo o conhecimento que eu já tinha, receber o diagnóstico de que meu filho tinha Down foi muito difícil. Ele andou e falou antes do esperado, teve um ótimo desenvolvimento até os 3 anos, mas, uma semana depois de seu terceiro aniversário, sofreu dois acidentes vasculares cerebrais (AVC) que comprometeram sua linguagem e seus movimentos do lado esquerdo do corpo. Investigamos e descobrimos que o Miguel tem uma condição vascular rara, chamada síndrome de Moyamoya. Além disso, ele sempre teve pouca produção de leucócitos, imunidade bem baixa e asma crônica.
Depois do diagnóstico, passamos muito tempo tentando tratamentos eficazes para o Miguel. Dos 3 aos 7 anos, foram muitas internações. Eu me lembro que, em dois meses, ele foi oito vezes para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nós estávamos esgotados, ele ainda tinha muita dificuldade para se desenvolver e não ganhava peso. Foi nesse momento que descobrimos o canabidiol (CBD), uma substância extraída da cannabis que tem potencial terapêutico.
Só que não foi fácil começar o tratamento com CBD, não. Primeiro, houve o preconceito da minha própria família, que não aceitava o uso da cannabis farmacêutica em uma criança. Depois, ainda precisei batalhar muito para conseguir o tratamento na justiça. Só que todo esse esforço trouxe uma melhora visível na qualidade de vida do meu filho e de toda a nossa família.
Hoje, o Miguel tem 11 anos de idade. Desde os 7, ele trata a asma crônica com canabidiol. Antes, a gente vivia no hospital e eu deixei de trabalhar para me dedicar aos cuidados com ele. Quando começamos a terapia com CBD, as crises de asma do meu filho pararam e eu fui contratada por uma empresa que comercializa medicamentos à base de canabidiol no Brasil para apoiar outras famílias que estão no início do tratamento e precisam lidar com os processos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Faz quatro anos que o Miguel não pisa no pronto-socorro, está saudável e com a doença estabilizada. Ele começou a usar canabidiol por conta da asma, mas também tivemos resultado positivo em relação ao problema de tireoide, e não precisamos mais ajustar as doses de hormônios. Agora, meu filho tem a qualidade de vida que nunca teve.
*Fernanda Cammarota é psicóloga especialista em atendimento a pacientes com síndrome de Down e trabalha há mais de um ano no time de atendimento ao cliente da HempMeds
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