Para não ser substituído por um robô, não haja como um

Publicado em: 08/06/2021

Para não ser substituído por um robô, não haja como um

A inteligência artificial é a grande promessa do futuro, mas é fundamental que comecemos, desde já, a traçar regras para o seu desenvolvimento a fim de evitar o tal “efeito black mirror”

Por Rodrigo Guerra*

A recente mudança da política de privacidade do WhatsApp, que, basicamente, nos forçou a autorizar o acesso a tudo o que falamos pelo app, acendeu em mim um alerta. Há uma necessidade cada vez mais evidente de a proteção dos nossos dados ser garantida pelo Estado. E trago esse assunto para reflexão porque ele tem tudo a ver com o desenvolvimento da inteligência artificial – e dos limites fundamentais para que evitemos o que já se vem chamando de “efeito black mirror”.

Mas, antes, deixo claro que não me oponho ao fato de que as empresas usem nossos dados para proporcionar experiências melhores aos clientes. E isso inclui a adoção de tecnologias, como a inteligência artificial, que necessita de ferramentas como deep e machine learning para ser mais eficiente. Só que esse acesso aos dados não deveria ser tão simples assim. Quando não há uma proteção estatal para proibir esse tipo de conduta, como nós, pessoas físicas, vamos negar uma autorização e perder o benefício de usar um app ou um serviço? Simplesmente não dá.

Eu defendo que o Estado estabeleça limites e padrões, colocando o bem comum como a principal pauta dessa discussão sobre a privacidade. Afinal, cada um de nós precisa ter o poder de ser dono da própria memória digital. Devemos ser ativos em exigir que isso seja feito sempre respeitando valores humanos e combatendo preconceitos. Toda e qualquer regulamentação, portanto, precisa ter o foco na obrigatoriedade da transparência, pois precisamos saber como as empresas estão usando nossos dados para ter a soberania de permitir ou não esse uso.

Como gamer que sou, lembro ainda que outro aspecto dessa discussão sobre os limites da inteligência artificial está relacionado ao imaginário da ficção científica. Esse pensamento coletivo formado por jogos, filmes, seriados e livros costuma ser distópico e apocalíptico e, por isso mesmo, assusta. Mas é pouco provável que a tecnologia substitua por completo os seres humanos, o que não quer dizer que sou ingênuo a ponto de afirmar que ela representa benefícios para alguns e riscos para outros. 

Cabe a nós manter o exercício de nossa individualidade, definindo os limites dessa “relação” homem-máquina. A inteligência artificial existe para nos servir, e não o contrário. 

A única forma de não sermos substituídos por um robô é não agirmos como um

Já está certo que toda atividade que puder ser feita de forma automatizada, assim o será. E quando digo toda ação eu falo em tudo mesmo. Logo, cabe a nós focar naquilo que nos diferencia, que é exatamente a nossa humanidade. Afinal, empatia, relacionamento e criatividade  são qualidades que nem robôs nem a inteligência artificial são capazes de desenvolver.

*Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. Atualmente vivencia um profundo mergulho na jornada do autoconhecimento – que deve trazer novidades em breve

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