Senso crítico é decisivo (até mesmo) para o bem-estar emocional

Publicado em: 28/04/2022

Senso crítico é decisivo (até mesmo) para o bem-estar emocional

O excesso de informação diária também afeta nossa saúde mental. E como o cenário de abundância não deve mudar, nos cabe ter responsabilidade e senso crítico frente a novas tecnologias

Por Rodrigo Guerra*

Falta de saúde mental: taí o grande mal do século 21.

Eu sei, não trago exatamente uma novidade ao redigir a frase, mas é que, a partir dela, quero convidá-lo a refletir sobre essa constatação.

Tenho pensado cada vez mais sobre a desconexão entre, de um lado, inovação e tecnologia e, de outro, temas sociais importantes, como a saúde mental. Ao mesmo tempo em que a medicina evolui de forma extraordinária em termos de diagnóstico, terapias, procedimentos, equipamentos, novas drogas e maquinário de ponta, a saúde mental toma uma verdadeira surra e todos nós, como sociedade, perdemos muito com isso se nada for feito para mudar esse jogo.

saúde mental, inovação, trabalho

Quer ver só? Descobri que o consumo de antidepressivos aumentou em 13% nos primeiros meses de 2021, o que impressiona porque no começo da pandemia, em 2020, esse número já era 16% maior – segundo dados que verifiquei no site do Conselho Federal de Farmácia. E o mesmo aconteceu com remédios para dormir, tanto que no ano passado a Anvisa até liberou o uso de melatonina no Brasil.

Só que não adianta tratar o assunto tomando remédios e sem pensar no próprio estilo de vida. Porque ele é sim um reflexo desse adoecimento que provoca tanta ansiedade, estresse e depressão.

A quantidade de informações – relevantes ou não – que nos inunda através de uma tela é uma das causas que relaciono com o prejuízo à nossa saúde mental. E precisamos dar mais atenção a isso.

Provavelmente a quantidade de informações que eu e você recebemos esta semana é maior do que nossos antepassados do século passado receberam durante a vida toda! E, claro, isso traz sequelas graves à nossa saúde mental

Qualquer exposição a fatores externos que mudam as características de uma espécie impacta diretamente a saúde do indivíduo. É assim tanto com a exposição aos raios UVA-UVB, que pode provocar câncer de pele, como com um vírus que nos deixa doentes até desenvolvermos anticorpos.

Pense que o mesmo mecanismo acontece com essa exposição constante a um turbilhão de informações que sequela diretamente a saúde mental.

A boa notícia é que, para começar a refletir sobre uma solução, podemos contar com a grande capacidade de adaptação do ser humano – repare que recorro ao evolucionismo darwiniano para provar que dá para reter informações importantes entre as tantas que recebemos.

Para isso, é preciso que todos tenhamos posicionamento crítico diante das tendências de evolução tecnológica. Não dá mais para aderir a tudo o que chega de novidade sem uma reflexão mais contundente quanto ao tipo de emoções e sentimentos que essa tecnologia pode nos gerar.

Como o desenvolvimento das tecnologias só se intensifica, nós, usuários, também precisamos ter mais responsabilidade na hora de consumir essas soluções na vida pessoal e, principalmente, no trabalho. Desenvolver esse tipo de crítica trará importante efeito positivo à nossa saúde mental.

E você, quais atitudes acredita que devemos tomar para cuidar melhor desse aspecto? E sua empresa, o que ela tem feito pelo bem da saúde mental de seus colaboradores?

*Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. As duas áreas não costumam ser associadas, mas quando estão lado a lado, elas conseguem transformar projetos inovadores em prática diária nas empresas. No Unbox, do qual é fundador, realiza uma curadoria de conteúdos fundamentais para impulsionar as mudanças urgentes e necessárias de pessoas, negócios e da sociedade.

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