Um antiguia para desencaixotar projetos inovadores

Publicado em: 05/08/2021

Um antiguia para desencaixotar projetos inovadores

Uma grande ideia, sozinha, não garante inovação. O processo entre o momento ‘ahá’ e o sucesso de um negócio é composto também por etapas que NÃO DEVEM ser seguidas 

Por Rodrigo Guerra*

Pensar fora da caixa é mais uma daquelas expressões batidas quando o assunto é inovação. Mas é fato que precisamos tirar as ideias desse lugar quadradão e transformá-las em algo diferente quando queremos promover a disrupção, seja qual for a sua área de atuação. Só que não dá para fazer isso usando as mesmas metodologias que todo o mundo já conhece, pois seria como colocar uma caixa dentro de outra caixa. 

Por isso, hoje quero fazer o contrário e refletir sobre aquilo que eu acho que não deve ser feito por quem quer levar adiante projetos inovadores.  

Vamos às antidicas então:

  • Ignorar o que o seu cliente tem a dizer

Esse é um dos melhores jeitos de conquistar o fracasso na hora de inovar. A falta de humildade – digo isso no sentido de deixar de fazer uma leitura mais pragmática daquilo que o potencial cliente deseja e quer – é um grande entrave, seja para quem está formulando um negócio ou uma startup, desenvolvendo uma ideia ou um aplicativo, ou, mesmo dentro de uma empresa, produzindo um novo produto, serviço ou projeto. 

Estar atento aos verdadeiros problemas que o cliente quer e/ou precisa resolver é muito mais importante do que a roupagem de um produto e até mesmo do que o modelo de negócio. Então, não tenha medo de fazer perguntas como: “Por que estou fazendo esse produto?”, “Para quem essa solução é importante?”, “Qual problema da vida de [insira o nome do seu cliente aqui] eu quero resolver?”. E as respostas para essas e outras questões parecidas só virão a partir de conversas francas com a parte interessada. 

  • Queimar etapas do desenvolvimento para lançar logo o projeto

Ainda pensando nesse aspecto da importância do cliente na criação de projetos inovadores, reforço que não vale a pena queimar a importante etapa da apresentação da solução a um potencial cliente. É isso mesmo, identifique quem poderia se beneficiar da sua criação, marque uma conversa, ouça o que essa pessoa pensa sobre determinado problema que você está motivado a resolver e apresente a sua ideia. A partir disso, apenas ouça o que o outro vai dizer. E novamente uso a palavra humildade nesse ato porque pode ser que você escute críticas que precisam de reflexão antes de serem rechaçadas. Não lance seu produto, startup ou empresa com base apenas na sua própria percepção. Tenha a curiosidade de saber se quem está do outro lado pensa o mesmo que você.

  • Solucionar problemas que ainda não aconteceram

Esta talvez seja a dica mais contraintuitiva, mas tenho percebido que as pessoas tomam suas decisões principalmente por falta de tempo e de dinheiro. Portanto, arrisco a dizer que os clientes tendem a ter mais aderência a projetos inovadores que resolvem problemas urgentes. E isso é ainda mais verdadeiro quando a solução é B2B. Assim, sempre que for oferecer um novo produto ou serviço para uma empresa cliente pense: “Qual é o problema urgente que essa empresa precisa resolver?” Eu garanto que a chance do negócio dar certo é maior dessa forma. 

  • Esquecer que inovação é um negócio e, portanto, precisa ser economicamente sustentável

Essa é a dica é do meu eu economista – e a mais pé no chão que eu posso dar. Depois de pensar e refletir bem em uma solução para um problema que existe agora em uma determinada empresa ou em um determinado grupo de pessoas, faça um recorte e nomeie o seu potencial cliente. Depois, responda de forma honesta: “Meu cliente tem condições de pagar pela minha inovação?”. Por mais legal que seja o modelo de negócio, a ideia e o propósito da sua empresa, no fim do dia as contas precisam ser pagas. É simples assim. Criar projetos inovadores para empresas e setores que estão estrangulados financeiramente faz com que seja muito mais difícil o negócio colar, enquanto encantar aqueles que têm caixa para comprar seu serviço é garantia de sucesso. 

  • Acreditar que só você faz a ideia dar certo

Evite a chamada “síndrome do vencedor” pensando – logo na largada – em uma forma de o seu negócio ficar escalável. Todo projeto que depende muito do seu “inventor” está fadado ao fracasso, pois na hora que ele cresce faltam braços e cabeças para atender a alta demanda. Esse, aliás, é um dos motivos que alçaram a tecnologia e a inteligência artificial para a transformação dos negócios, ajudando as empresas a crescer. Afinal, todo bom empreendimento precisa caminhar sozinho.

Agora convido você a desencaixotar as suas ideias e me ajudar na construção desse antiguia para empreender. O que mais não devemos fazer? Me responda nos comentários.   

*Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. Atualmente vivencia um profundo mergulho na jornada do autoconhecimento – que deve trazer novidades em breve

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