Breve história de como a ansiedade custou um (bom) negócio ao empreendedor

Publicado em: 27/06/2023

Breve história de como a ansiedade custou um (bom) negócio ao empreendedor

Era uma vez uma startup que ia muito bem das pernas até que o capital desapareceu… eu sei, a história é antiga, mas dá para mudar o final se o protagonista da startup começar a agir diferente

Por Rodrigo Guerra*

 

Era uma vez, um novo negócio de “sucesso” que conseguiu arrecadar muito dinheiro através de investidor-anjo, seed money ou venture capital apresentando apenas um powerpoint com a sua ideia inovadora. É verdade que a tal startup brilhante poderia parecer mal estruturada para alguns, e que ainda faltava um plano concreto para a sua execução, mas (quase) todos no “reino” pareciam entender e acreditar naquela história, que continuava a receber e acumular capital sem muitos questionamentos. Só que isso mudou. 

E o culpado não foi nenhum monstro místico, mas a alta das taxas de juros, que logo atraiu mais investidores para terras – digamos – mais seguras. E aquele empreendedor que sonhava em ser um unicórnio ficou só, sem saber ao certo por qual caminho seguir nessa nova realidade imposta, vivendo uma  terrível crise de ansiedade. Fim.

A anedota acima poderia ser levemente divertida, não fosse tão trágica e atual. Afinal, não saber como conduzir o próprio negócio nem como levantar o capital necessário pelos próximos meses causa uma tremenda ansiedade em qualquer empreendedor, eu sei. E é justamente por isso que digo e repito: a cultura de startup precisa mudar. 

Hoje, por exemplo, a pessoa que está montando uma empresa a partir de uma ideia legal que teve ao identificar e solucionar uma dor específica em um nicho de mercado muitas vezes já está pensando em vender o negócio antes mesmo de montá-lo. Ainda há muitos empreendedores que pensam em fazer dinheiro na captação do capital para a montagem da empresa e não no negócio em si. 

No mundo real hoje, o dinheiro está indo para ideias sólidas, bem pensadas e referendadas, que dão resultado e retorno financeiro.  Então, cabe ao empreendedor começar a se perguntar: eu vou me realizar no meu negócio ou na venda dele? A resposta pode reduzir – e muito – seu grau de ansiedade

Claro que existem ideias disruptivas e com um modelo de negócio que, quando e onde for implementado, vai de fato revolucionar uma indústria ou setor. E para elas, o venture capital e as vastas rodadas de investimentos são absolutamente necessárias ao sucesso. Só que isso é exceção e não a regra, ao contrário do que diz o conto de fadas que nos acostumamos a acreditar. 

A realidade é que a maioria das startups são feitas a partir de ideias triviais,  convencionais e… muito legais. Elas não vão mudar o mundo, é verdade, mas certamente podem melhorar um processo ou uma etapa de produção. Para tanto, elas não precisam ser “unicórnios” em si, mas precisam gerar um bom resultado para serem exitosas. Então, cabe ao empreendedor perguntar: eu vou me realizar no meu negócio ou na venda dele?

Se você respondeu a última opção, lamento dizer que – a não ser que tenha uma ideia muito revolucionária – não vai acontecer. Minha dica então, para que você pare se ficar tão ansioso com o futuro é: procure um negócio no qual você possa se realizar profissionalmente – e até pessoalmente. Com isso, você consegue construir um bom ambiente de trabalho, atrair profissionais bacanas e remunerar bem as pessoas, além de colher os frutos para si mesmo. 

Não estou dizendo que de agora em diante não teremos mais vendas, fusões e aquisições nem grandes aportes de capital em startups, mas tudo isso ficará muito mais difícil. E cabe a mim e a você pensar nos próximos passos sobre esse novo prisma. Para não correr o risco de adoecer. 

 

*Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. As duas áreas não costumam ser associadas, mas quando estão lado a lado, transformam projetos inovadores em prática diária nas empresas. O Unbox Project, do qual é fundador,  é um programa de desenvolvimento de carreira que conecta líderes de negócios, entidades auto-organizadas e empresas com metas de ESG para destravar a inovação e a economia sustentável. Como parte de sua missão de “desencaixotar o pensamento crítico que deve(ria) anteceder a inovação”, tem produção de conteúdo recorrente no site unbox.dev.br e na seção Homework, do portal Terra.

 

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