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Publicado em: 16/09/2021
Uma criptomoeda para chamar de sua… será?
Você compraria o dólar do Metallica? E da Beyoncé? Em um futuro próximo, cada indivíduo criará sua própria moeda e todos perguntaremos: para que servirão os bancos?
Por Rodrigo Guerra*
Você provavelmente já ouviu falar muito sobre as Bitcoins. E, talvez, até tenha se interessado em investir nessa novidade. Mas você sabia que já existem milhares de outras criptomoedas à venda no mercado? Até agora, são mais de 5.000 registradas, algumas com nomes diferentões como Ethereum, Cardano e Tether. E esse número está prestes a aumentar muito mais, porque estamos bem próximos de uma realidade em que cada indivíduo pode criar a sua própria moeda.
Aliás, isso está acontecendo nesse exato momento. Você duvida? Então dá só uma olhada nesse site https://rally.io/ que o André Forastieri me indicou. E saiba que todas essas pessoas que aparecem por lá não estão criando apenas novas moedas, mas, sim, as suas próprias economias (!)
Convido você a refletir comigo sobre o porquê de isso estar acontecendo. Imagine que você é um grande artista, reconhecido internacionalmente. Você é a Beyoncé… ou o Metallica. E, por isso, detém vários produtos licenciados que precisam ser vendidos aos seus fãs espalhados no mundo inteiro. Penso que, nesse contexto, pode fazer sentido a criação de uma moeda virtual própria para movimentar um mercado cativo. Com a “Beycoin” ou “MeTcoin”, é possível comercializar ingressos, camisetas e outras mercadorias, streaming, experiências e tudo mais que for rentável ao grande astro.
E, se isso vale para artistas, logo valerá também para os influencers, que podem vender conteúdos e experiências exclusivas usando a própria moeda, na sua própria economia. A iniciativa poderá ter valor também para os consumidores de produtos orgânicos de uma cidade, para uma cooperativa de consumo qualquer, ou até para a turma da cerveja das sextas-feiras da sua faculdade. Basta alguém emitindo uma nova moeda e alguém acreditando no valor que aquilo tem do outro lado que tudo funcionaria muito bem. As possibilidades são enormes…
Mas um ponto-chave é que cabe ao artista, ao influencer, ou a quem quer que seja, ter a gestão sobre a emissão dessas novas moedas. E a depender dessa decisão, pode haver escassez ou excesso de oferta, com valorização ou desvalorização da moeda, especulação e tudo o mais que já acontece hoje em um mercado vigente. E mais: existe ainda a possibilidade de fazer brotar grana no mundo real – se é que no futuro saberemos distinguir o que é real daquilo que não é.
Hoje, são os bancos centrais no mundo inteiro que lançam mão de dois mecanismos importantes para calibrar a atividade econômica e a inflação de um país: a gestão da base monetária, que é a quantidade de dinheiro em circulação, e a taxa básica de juros, que é o preço do dinheiro. Com isso, eles conseguem acelerar os investimentos e a atividade de um país baixando a taxa de juros, ou ainda segurar a alta da inflação aumentando os juros pagos a quem investe. Na prática, os bancos centrais têm grande poder na definição dos rumos da atividade econômica de uma nação e, por isso, existe tanta sensibilidade sobre a discussão da independência dos mesmos.
Mas isso pode estar prestes a mudar com as novas economias individuais paralelas. Em um mundo em que qualquer pessoa influente consegue criar sua própria moeda, para que servirá um banco, afinal? E as tão ovacionadas fintechs, como ficam nesse novo jogo econômico? Aliás, o que será uma fintech? A Beyoncé ou o Metallica são uma fintech? Pode soar estranho, mas é essa a situação que vivemos…
Em 5 ou 10 anos muitas oportunidades podem derivar dessa história. Imagine qual será o papel do Banco Central nesse mundo em que gigantes como Amazon, Mercado Livre, Uber ou Ifood podem cismar que o jogo vai ser jogado na moeda deles e na economia deles, com o poder de gerar escassez e valorizar a cotação no mundo real ou gerar excesso e impulsionar as vendas dos produtos. Como vai ser?
Nem eu nem você temos a resposta agora. Mas sei que todos aqueles que estão buscando encontrá-la podem antecipar tendências e oportunidades. Reflita, então: como o seu negócio ou a sua carreira podem fazer parte desse jogo?
É hora de usar a criatividade e fazer apostas.
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Enquanto isso, tem equipe econômica de país grande combatendo os comunistas da década de 1960.
*Rodrigo Guerra é especialista em finanças e inovação. *Essas duas áreas não costumam ser associadas, mas quando estão lado a lado, elas conseguem transformar projetos inovadores em prática diária nas empresas. No Unbox, do qual é sponsor, realiza uma curadoria de conteúdos fundamentais para impulsionar as mudanças urgentes e necessárias de pessoas, negócios e da sociedade.
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